quinta-feira, 9 de julho de 2009

A ditadura ecológica é a solução ?

Os habitantes da pequena cidade de Marburg, na Alemanha, foram os primeiros a sentir os efeitos da nova tendência política que se espalha na Europa: a da “ditadura ecológica”. O Prefeito “verde” Franz Kahle conseguiu impor suas idéias de uma cidade limpa e de baixo consumo de energia convencional ao obrigar os cidadãos a mudar seu sistema elétrico para solar. A Câmara de Vereadores dessa cidade de 80 mil habitantes aprovou a Lei que multa em até 15.000 Euros todos aqueles recalcitrantes que não adaptarem os tetos das suas casas para gerar energia fotovoltaica. A Lei exige que todas as novas e as recentes construções sejam “edifícios inteligentes” de baixo consumo energético, com reciclagem de lixo, tratamento de esgoto próprio e com reuso de água. Para facilitar a mudança, o município financia a instalação das células solares em até cinco mil Euros.

Segundo os cálculos da Prefeitura, os benefícios pelo baixo consumo compensarão o investimento. Nesse clima de contenção de emissões de dióxido de carbono, a Organização Internacional de Construtores de Automóveis garantiu recentemente que o setor automotivo quer participar das soluções com relação às mudanças climáticas “mas não pode fazê-lo sozinho” e destacou que os transportes nas estradas somam 16% do total das emissões de CO2 no mundo e que 44% do total correspondem à indústria elétrica e ao aquecimento dos lares nas latitudes mais frias. Ao mesmo tempo, os Ministros do Meio Ambiente do G8, em conjunto com outras grandes economias emergentes (China, Coréia e a Índia), concordaram numa reunião realizada em final de Maio em Kobe, Japão, em buscar formas de reduzir essas emissões de gases de Efeito Estufa.

De face à realidade que se apresenta cada vez mais preocupante, a Comunidade Européia reativou a proposta para a criação de um fundo global de capitais de risco na ordem dos cem milhões de Euros para a promoção das energias renováveis e de projetos de eficiência energética em países em desenvolvimento ou com economias em transição. O Fundo Global de Energias Renováveis e Eficiência Energética visa acelerar a transferência e desenvolvimento de tecnologias ambientalmente corretas e, assim, contribuir para uma maior segurança de abastecimento energético nas regiões mais pobres do globo. Como medida imediata, o Parlamento Europeu aprovou no final de Maio, em Estrasburgo, uma diretiva baseada no “Princípio Poluidor Pagador” que criminaliza as infrações ambientais, prevendo severas sanções penais contra os poluidores.

O texto estabelece um conjunto de “regras mínimas” onde define o que é considerado crime ambiental. A ditadura ecológica já começou e será irreversível nos próximos anos. O ideal seria que os municípios brasileiros, e da América Latina em geral, em vez de contribuir cada vez mais para aumentar a poluição, elaborassem leis em benefício do desenvolvimento sustentável. Não há uma explicação lógica, nos dias atuais, para investimentos em perigosas usinas nucleares nem em hidroelétricas localizadas a milhares de quilômetros dos centros de consumo de energia elétrica, quando os bons exemplos de geração de energia limpa se multiplicam pelo mundo afora.
René Capriles e Lúcia Chayb - Revista ECO 21 - 01/07/2008

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